25% dos empresários tomam crédito para o negócio como pessoa física
Um quarto dos 846 mil empresários que usam cooperativas de crédito no país contratam empréstimos como pessoa física, mas utilizam os recursos obtidos nos financiamentos para as empresas.
São, em sua maioria, microempreendedores e empreendedores individuais que buscam juros menores, menos burocracia e muitas vezes têm dificuldade de separar a contabilidade pessoal dos negócios da empresa.
As cooperativas de crédito são formadas por uma sociedade de pessoas, sem fins lucrativos e fiscalizadas pelo BC. Cobram juros mensais que variam de 1% a 6%.
Os dados constam de uma pesquisa com 235 das 495 cooperativas de crédito existentes no país, feita pelo Sebrae em parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e o BC. Serão apresentados hoje durante o 9º Congresso Brasileiro de Cooperativismo de Crédito.
Segundo técnicos do setor, é necessário reforçar a educação financeira na busca do crédito para evitar que os empresários corram riscos ao contrair empréstimos como pessoa física e usá-los como pessoa jurídica.
EXPOR O PATRIMÔNIO
Um dos riscos é, por exemplo, colocar o patrimônio pessoal como garantia do empréstimo para a empresa.
Seis em cada dez empresas que fecham as portas perdem recursos e parte dos empreendedores não consegue recuperar o investimento, segundo dados do Sebrae SP.
"É preciso facilitar ainda mais o acesso ao crédito, um dos maiores obstáculos ao crescimento dos pequenos negócios no país. As cooperativas pesquisadas atendem em média 7.638 cooperados. Dois terços deles são micro e pequenas empresas, empreendedores individuais, produtores rurais e profissionais liberais", diz Carlos Alberto dos Santos, diretor-técnico do Sebrae nacional.
Em sua opinião, obter empréstimo como pessoa física e usá-lo como pessoa jurídica abre uma discussão sobre a necessidade de criar produtos e serviços mais adequados a pequenas empresas.
O empresário Walter Wolmeister, sócio de uma empresa de terraplanagem do sul do país, diz que os juros na cooperativa de crédito em que participa são, em média, 20% a 30% menores do que os do mercado, razão que o leva a participar da Sicredi Pioneira RS, a primeira cooperativa de crédito do Brasil.
Sérgio Luiz Viott, presidente da Credlojista (Cooperativa de Crédito dos Lojistas do Distrito Federal), diz que há espaço para criar novos serviços e atrair associados para as cooperativas. "Nosso setor ainda recorre aos bancos. Mas, com taxas melhores, pode optar pela cooperativa."