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Comércio ilegal cresce na crise e preocupa varejo e indústria

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O comércio ilegal de produtos como roupas, óculos e brinquedos cresceu de forma expressiva durante a crise, gerando preocupação no varejo e na indústria. Em alguns setores, a participação da informalidade no faturamento ultrapassa os 30%, impactando diretamente na receita das empresas e na arrecadação.

O crescimento das vendas ilegais foi observado no setor de óculos, um dos mais afetados com a pirataria e o contrabando. Segundo cálculos da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), o comércio informal representa hoje 45% do faturamento total do mercado, frente fatia de 37% em 2013, antes da recessão econômica.

No ramo de vestuário, a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), entidade que representa empresas como Renner, C&A e Riachuelo, estima que a informalidade represente 30% das vendas do setor – em uma análise conservadora -, mais do que a participação dos associados da entidade (de 24%). Presidente da Abvtex, Edmundo Lima afirma que a crise estimulou o comércio informal de duas formas: enquanto muitos brasileiros que perderam o emprego acabaram migrando para a venda ilegal, o consumidor também ficou mais suscetível a comprar produtos piratas ou contrabandeados, em busca de preços. Estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (FecomercioMG) mostra que 41% dos consumidores de Belo Horizonte compraram produtos piratas nos últimos doze meses. Desses, 83% disseram que o principal motivo para que levou a compra foi o preço.

O movimento de crescimento da venda ilegal se repete no setor de brinquedos. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) a participação da ilegalidade nas vendas subiu de 2% em 2014 para cerca de 8% este ano. “Houve um recrudescimento da situação provocado essencialmente pela recessão”, afirma o presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa.

O cenário tem levado as associações e empresas a reforçarem o trabalho de combate ao comércio ilegal, por exemplo, pressionado o poder público por uma fiscalização mais efetiva. A pressão aparentemente tem dado resultado. Em setembro, uma ação conjunta entre a Receita e a Polícia Federal, na cidade de São Paulo, levou a apreensão de mais de 800 toneladas de produtos pirateados, em um valor aproximado de R$ 300 milhões, e ao fechamento provisório de dois shoppings, o 25 de Março e a Galeria Florêncio. Apenas de óculos, segundo dados encaminhados pela Abióptica ao DCI, foram mais de 2,8 milhões de produtos apreendidos. Mais 1,25 milhão de artigos de moda foram coletados na operação e 380 mil relógios.

Protagonismo das marcas

Dos produtos apreendidos em setembro, uma das marcas de destaque foi a Quiksilver, de artigos de moda praia. O diretor geral da empresa no Brasil, Gustavo Belloc, diz que a marca faz um trabalho intenso no combate a pirataria de seus produtos, em parceria com o escritório de advocacia Meirelles IPC, focado em propriedade intelectual.

Nos últimos doze meses finalizados em julho, para se ter uma ideia, mais de 170 mil produtos pirateados da Quiksilver e da DC Shoes (do mesmo grupo) foram apreendidos, segundo a Meirelles IPC. Além do trabalho de inteligência, a marca vai lançar, no início do ano que vem, etiquetas holográficas para facilitar a certificação da originalidade do item. A ideia é garantir um maior controle interno e dar mais segurança ao distribuidor. “Vamos colocar nas camisetas primeiro, que são os artigos mais falsificados”, diz Belloc.

De acordo com o executivo, a Quiksilver investe, todos os anos, mais de R$ 100 mil no trabalho de combate a pirataria no Brasil. Com a implantação das etiquetas holográficas a marca também terá que abrir mão de margem, já que o custo da produção dos produtos crescerá.

O impacto do comércio ilegal não se restringe apenas as empresas. Segundo o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Fabio Pina, há um prejuízo significativo para o Estado, já que se perde um valor expressivo em tributos. Ele diz que a estimativa no mercado é que R$ 120 bilhões sejam perdidos em arrecadação por ano conta do comércio informal.

“Se pegamos um multiplicador, quando se perde 5% das vendas pelo comércio informal, também se perde em impostos e o impacto para a economia como um todo acaba sendo ainda maior”, diz. Mesmo para o consumidor, complementa o economista, o comércio ilegal gera prejuízos grandes, já que não há rastreabilidade ou garantia alguma caso o produto seja ruim ou venha com defeitos.

Fonte: COAD

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